Posso agora dizer que estou sóbria.
A realidade parece mais visível.
Longe da melancolia,
Afasto uns poucos passos.
Quero uma sobriedade sólida,
Não mais o desatino constante.
Levo memórias,
Pedaços de mim,
Fragmentos que lembram dias ensolarados.
Guardo em mim alguns momentos dispersos,
E essa estranha felicidade que me consome até os ossos.
Vejo o movimento da água na parede de tijolos vermelhos.
Abstraio a realidade por uma nova realidade,
Plena de sentido,
Intenso sentido,
Como os sons que ouço agora.
Pelo vento vem vagando a memória.
Os mesmos ventos que trazem o crepúsculo,
Trazem o eu carregado em seus braços.
24 de julho de 2004, no antigo frigorífico Anglo.
24 de julho de 2004, no antigo frigorífico Anglo.
Fotografia da lua nascente em 01 de agosto de 2023.