Amanhã será nosso recomeço.
Nossa mais sórdida derrota,
Batalha perdida,
Luta talvez em vão.
Tua causa tão nobre será tua perdição,
Tentação quase cruel.
Esquecer?
Talvez deixar tudo para trás.
O grito preso na garganta te esmaga,
Parece não deixar o ar passar,
Quer explodir pelos ares.
Eu vejo teus olhos aflitos,
Perdidos na multidão.
Teu sorriso é tão peculiar,
E tua melancolia causa espanto.
Somente a fuga!
Pra onde?
Sempre haverá água para remover o sangue.
E o teu corre, calma, lentamente.
E antes que te falte a vida,
O chão já está limpo.
De nada valeu teu sangue.
E tua alma parece se despedaçar no ar.
Parece não ter restado nada.
E tua queda parece ser infinita.
Passastes do inferno,
Nunca chegarás ao céu.
Na consciência não há descanso.
Há rumores de novos tempos,
Há rumores de velhas chagas,
E dos mesmos tormentos.
Eu ainda vejo.
Eternamente verei teus olhos aflitos,
Despercebidos na multidão,
Perdidos,
E quase únicos.
18 de outubro de 2001.