sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Amigo

Amanhã será nosso recomeço.
Nossa mais sórdida derrota,
Batalha perdida,
Luta talvez em vão.

Tua causa tão nobre será tua perdição,
Tentação quase cruel.
Esquecer?
Talvez deixar tudo para trás.

O grito preso na garganta te esmaga,
Parece não deixar o ar passar,
Quer explodir pelos ares.

Eu vejo teus olhos aflitos,
Perdidos na multidão.
Teu sorriso é tão peculiar,
E tua melancolia causa espanto.

Somente a fuga!
Pra onde?
Sempre haverá água para remover o sangue.
E o teu corre, calma, lentamente.
E antes que te falte a vida,
O chão já está limpo.
De nada valeu teu sangue.
E tua alma parece se despedaçar no ar.

Parece não ter restado nada.
E tua queda parece ser infinita.
Passastes do inferno,
Nunca chegarás ao céu.
Na consciência não há descanso.

Há rumores de novos tempos,
Há rumores de velhas chagas,
E dos mesmos tormentos.

Eu ainda vejo.
Eternamente verei teus olhos aflitos,
Despercebidos na multidão,
Perdidos,
E quase únicos.

18 de outubro de 2001.