sábado, 18 de fevereiro de 2023

Calma

 O que me acalma?
"Me acolhe a alma"?
Tudo é tão fluído nesse mundo moderno!
Queria alguma certeza,
Algo sólido.
 
Sei que esse 'algo sólido' sou eu,
Mas sinto solidão às vezes.
Ah o amor, o amor verdadeiro!
 
Posso escrever páginas e páginas 
De palavras soltas.
 
Não! Não são palavras soltas,
São sempre expressão de mim.
 
Tanta tempo passou,
Sempre o tempo.
O barulho da garrafa térmica mal fechada 
Parece o dos ponteiros do relógio.

Mas o que dizer?
 
Faz frio nesse agosto,
E escrevo desperdiçando papel e caneta.
 
Será que um dia teria estômago para reler 'a náusea'  do Sartre?
Acho que não.
Isso me acalma.

2022.

 

Dói

 

Criar expectativas
Reviver o passado
Ouvir 'eu te amo' da boca pra fora

Saber que o outro não se importa
Sobre como nos sentimos
 
Estou cansada da guerra
A vida não é um jogo de xadrez

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2023

Sementes

Somos semente
Da vida que brota
Permanente
Nossos frutos são diversos
Podem estar nas palavras
Nos traços em um papel
Numa fórmula ou laço
Caminho descoberto

Somos raiz que se propaga
Só esquece quem quer
E perde o vínculo com a terra
Somos mais que esses seres fúteis das cidades aceleradas

Nossos galhos suportam dores passadas e presentes
E também serão fortes o suficientes pra suportar as dores que virão
Nossas folhas trazem novo alento
E nos abrem o peito
Pra seguir em frente, voltar a ser gente com os pés no chão.

Fotografia de 05/11/2022. Poema escrito em 16/02/2023, inspirada pelo Círculo de Mulheres La Loba/ Rio Vermelho, especialmente pela Érica.

 

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2023

Odoiá la mar

 




Toda nostalgia se cura con la mar.
Su inmensidad hace plenos los corazones.
Todas las mareas, 
Calmas, fuertes, 
Tienen su razón de ser.

Talvez por eso, sea difícil compreender a las hijas de Yemanjá.
Son maternales, cuidadosas, 
Pero cuando se les amenaza sus olas se vuelven ferozes y arrasadoras.

La mar, maravilla de muchos colores, 
Cuna de la vida, nuestro origen.

Cuando vayas a la playa,
no te olvides que la mar no es solamente costa.
La mar es profundidad también.
La mar és Yemanjá, madre de los Orixás,
Nuestra madre ancestral.

Fotografia de Cassiana Reis em 02/02/2021. Poema escrito em 04/02/2023, inspirada pela cerimônia da Tenda Espirita Caminho dos Orixás. Correção do espanhol de Maia Silva.