quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Os outros

Tenho entre meus lábios a carne ainda fresca.
Meu corpo ou a morte?

Tenho a mão esquálida,
Sangue nas veias e rubor no rosto.

Tenho vontade,
Sou querer.

Tenho febre,
E ânsia,
E desespero.

Tenho sentidos inconstantes,
E pulsa,
Gelada ou quente.

Tenho a voz cravejada,
Não sou pedra, nem de gesso.
Faltam palavras e cores.
Vem á tona sentidos adormecidos.

Tenho outros seres.
Sou todos eles,
Nenhum.

Num lugar distante não há ser,
Nem tempo,
Nem espaço.

As vezes abrigo o caos.
Não há caos.

Tenho rostos alados,
Quereres infindos,
Perturbações constantes.

05 de junho de 2004.