Tenho entre meus lábios a carne ainda fresca.
Meu corpo ou a morte?
Tenho a mão esquálida,
Sangue nas veias e rubor no rosto.
Tenho vontade,
Sou querer.
Tenho febre,
E ânsia,
E desespero.
Tenho sentidos inconstantes,
E pulsa,
Gelada ou quente.
Tenho a voz cravejada,
Não sou pedra, nem de gesso.
Faltam palavras e cores.
Vem á tona sentidos adormecidos.
Tenho outros seres.
Sou todos eles,
Nenhum.
Num lugar distante não há ser,
Nem tempo,
Nem espaço.
As vezes abrigo o caos.
Não há caos.
Tenho rostos alados,
Quereres infindos,
Perturbações constantes.
05 de junho de 2004.