quinta-feira, 4 de agosto de 2011

O "eu" poeta

Queria te trazer um pouco de poesia.
Ser poeta, anti-profeta do tempo.
Queria te trazer um pouco do amargo da minha língua,
Da loucura das frases soltas.
Mas tua razão se esquiva pelos cantos.

Queria te trazer a anti-sabedoria,
E toda a confusão dos meus conceitos.
Fugir da lógica e abraçar a não-verdade.

Mas que poeta sou?
Que falso poeta! Tão reto nas linhas.
Seguindo os olhos fortuitos que desviam a dúvida.

Queria te trazer o medo,
O mais completo caos.
Que por completo não é caos, mas linearidade.

Queria te trazer a cegueira do brilho extremo.
A imperfeição das palavras.
Queria te trazer apenas o momento,
O devaneio dos segundos.

Mas duvido!
E duvido de tudo.
Do alcance,
Do significado.

Não trago mais que inconstância.
Não sou,
Não permaneço.
Sou aparência e me desfaço.

28 de março de 2004, na porta da frente da casa lá fora.