sexta-feira, 26 de agosto de 2011

A cerca

As paredes vem e vão.
Paredes cinzas, esburacadas,
Por onde passa o sol,
Paredes de arame farpado.

Um sorriso melancólico paira no ar,
Atrás da porteira.
As linhas ficam ofuscas,
Faltam palavras, soam confusas.
Olhares revelam medo.

Angustiante parede de tijolos velhos,
De barro vermelho,
Que caem aos pedaços,
Enquanto sangra.

E o arame farpado, fechado,
Que cerca a mais bela criatura,
Enferruja nas mãos,
Mas não morre.

E farpado é também seu corpo,
Seu estúpido corpo.
E seus olhos farpados ferem outros olhos farpados,
Estúpidos,
Escondidos.

Atrás da porteira há um açude,
Cheio de arame farpado, mergulhe!

Atrás da porteira,
Parede,
Arame farpado.

07 de maio de 2002.