sábado, 30 de julho de 2011

O trem e os dias III

Sei que dirás: estou aqui.
E quem irá perceber que o trem está partindo?

Mesmo sem levar passageiros,
Só carga inerte,
Sentimentos passados,
Segue pelos trilhos com a frieza que lhe é peculiar.

E quem ainda quer gritar?
Atravessar os vagões do trem,
Ouvir o apito do trem,
Seguindo a vã melancolia do trem que parte.

E sigo na estação,
Como se partisse.
O corpo que fica abandona os trilhos.

Em casa, na rua Albuquerque de Barros em Pelotas.