sábado, 16 de julho de 2011

Meu pé

I

Meu pé tem um risco de carvão.
A chama está apagada,
Mas a dor não cessa.
Tenho mais tormentos que o caos é capaz de abrigar.

E a poesia pouco inspira.
Com a chama apagada tenho frio,
Corpo inerte,
Olhos cansados,
Pele suja,
Causa náusea minha voz.

Minhas mãos vertem suor.
Calada estou,
Diante da água parada.

II

Meu pé tem um risco de terra.
A chama acesa,
A dor inerte reconforta.
Não tenho mais tormentos.
O caos abriga meu ser e nele existo.

A poesia me mantém viva.
Preciso de movimento, de palavras.
Olhos cansados sim.
Pele suja de lama da luta.

Minha voz está serena.
Minhas mãos descansam.
Estou calada.
Lentamente as águas se movimentam.



2a semana de março e 11 de abril de 2004.