A lua fina como uma navalha
Despontava no céu
O frio até que era ameno
Mas lembrava aquelas noites mais longas
De frio mais intenso
À margem do mundo
Numa casa de barro e terra
O fogo queimando
Para aquecer os corpos
Foi onde nasci
E são memórias que não tenho
Mas que fazem parte de mim
Que sentido haverá nisso tudo?
O amor, ah o amor,
Como se fosse algo mágico encontrado pelo caminho.
Já não acredito mais nesse amor romântico
Mas a fé retorna aos poucos
Como das cinzas
A fé no sentido da vida.
Terá de haver algo maior
Que explique todas essas inquietações e sofrimentos
Enquanto vou buscando esses sentidos
Cultivo meu jardim
E tenho a certeza das vidas que brotam e se propagam.
E morrem também, como tudo um dia.
Pra ressurgir, renascer, permanecer em espírito.
A primeira frase veio de uma memória da minha mãe, dos poemas que ela riscava à faca na máquina de costura.
A foto é do meu (nosso) jardim de 20 de junho de 2023, primeiro dia do meu ciclo menstrual. A lua fina como uma navalha não pôde ser visualizada neste Junho porque o tempo estava nublado. Escrevo na noite do dia 23.