quarta-feira, 17 de novembro de 2021

Sonhar

 



 
 
Recompor o tecido da vida
Recuperar a terra
Torná-la fértil novamente

Sonhar com dias melhores
De abundância e prosperidade

Deixar de lado os bens inúteis,
Impostos pela indústria capitalista.
 
Valorizar os frutos da terra
O alimento que nutre

Compreender a cultura 
Em que estamos imersos para transformá-la

Ter olhos,
Físicos ou da alma, 
Para ver a vida verdadeira
Que pulsa
Indiferente ao fluxo acelerado,
Alucinado,
Da sociedade de luzes artificiais e plástico.

Aceitar a morte, 
Como parte do processo,
As flores de plástico não morrem
Justamente porque não têm vida.

Escrito em 15 de agosto de 2018. 
Editado em 23 de setembro de 2023.
Foto de 31 de outubro de 2021.

quarta-feira, 15 de setembro de 2021

Procuro um amor

 

 


 

Procuro um amor:

Que não seja passageiro,

Mas companheiro na vida,

Enquanto quiser o caminho.

 

Procuro um amor que seja livre,

Mas esteja presente.

Que seja consciente,

Mas não imponha verdades.

 

Procuro um amor pra amar:

Livre e verdadeiramente.

Que se vá quando quiser,

Não fique por conveniência:

Que tenha coragem de partir.

 

Esse poema é clichê.

E às vezes, o amor é clichê mesmo.

E não tem problema;

O problema é não saber amar,

E ter medo de partir.

 

terça-feira, 7 de setembro de 2021

Manhã

 


A manhã é mais profunda que um dia de trabalho,
Nela ouço o canto da coruja no campo
E das caruíras no Ipê amarelo.
 
Vou à janela,
Fecho os olhos:
Sinto o sol,
Que dentro de mim é vermelho.


domingo, 1 de agosto de 2021

 Recomeçar

 

 


 

Quero dar mais tempo,
Pra cuidar da terra,
Cuidar de mim.
 
Preciso parar pra buscar esse tempo de novo.
Não quero me deixar envolver no fluxo acelerado,
Alucinante do mundo capitalista.

Eu sei quem sou:
Há tempos sou essa menina/mulher jardineira.
Deixo um pouco a velha rabugenta (que também faz parte),
E inicio um novo ciclo,
Consciente de quem sou e do que quero da e para a vida.

Vou dar o ritmo ao meu tempo.
Não me deixar afogar, apagar, secar,
Pelas demandas do mundo,
Nem por aquelas criadas por mim mesma.

Eu sou um ser vibrante,
Tenho em mim o comando dos fluxos das marés que me perpassam.

Praia do Moçambique, 1o de agosto de 2021. 
Viva Pachamama!

 
 

quarta-feira, 7 de abril de 2021

O resto de mim

 

 

Dos poucos vestígios que restaram daquelas que amei
E ainda amo
Quero as melhores lembranças
Bons momentos
Madrugadas cheias de esperança.
 
Muitas vezes na vida
Eu não soube amar
A correria do trabalho 
O despertar do toque do relógio...
A racionalidade incontida.
 
Permita-me o tempo compreensão
Permita-me a vida eternidade,
Quem sabe ao menos alguma partícula do meu ser.
 
Originalmente escrito em 17 de dezembro de 2012.

sábado, 6 de fevereiro de 2021

Fluída

 

 

                                                                                            Pra existir, a vida em si é razão.

 


Meu coração degela em dor constante
E prantos tenho de sobra.
Sou o nada no deserto
E tenho dito poucas palavras
Apenas restos de mim
Vagam no frio das madrugadas geladas
da incompreensão.
 
Sinto, não sei se sinto.
Tenho uma ânsia constante
e um pouco de desespero.
Que fluam as coisas
Que fluam as marés
E as palavras.  

Em 21 de julho de 2004.



sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

A terra e o vento

 

 

Criatura que permanece observando o dia 
E caminha
Com fendas produzidas pela terra
Criatura humana de pés descalços
Inchados da areia
O dedo do pé esquerdo sangrando
Pés sujos de lama e vento
E canta a dentro em cada canto.

Cria criatura
De mente branda
De louco
Cria tua loucura

Criatura que caminha na areia
Sempre de pés descalços
Descaso é o que tens
Descaso da razão

Caminha criatura
Cria
Não tortura
Caminha distante
De olhos largos no caminho

Canta breve criatura
Cria teu ser
Tu que és deus, tu que és vento, tu que és terra
Da terra te desfaz, e te faz sucessivamente
E constante cria a criatura
Criando realidades
Refletindo no espelho
Pingando de água do mar

Criatura pede canto escuro
E conta contos noite à dentro
Despede a luz do sol
Despede a realidade
É de terra e é de vento

Escrito na cidade de Pelotas por volta do ano 2000.